Pesquisa mostra benefícios da aplicação do uso do alumínio em grades, rodas, revestimentos, portas e laterais de carretas e semi-reboques
Mirian Blanco |
O aumento da utilização de componentes de alumínio em carretas (conjunto de cavalo mecânico mais reboque) pode remover até 1,5 tonelada do peso total do veículo, aumentando a capacidade de carga em cerca de 6,5% e reduzindo o consumo de combustível desses equipamentos na mesma proporção. É essa a conclusão de um estudo da empresa britânica especializada em pesquisas Ricardo Inc. O trabalho, encomendado pela Aluminum Association, mostra que a redução do consumo de combustível – conseguida por meio do uso do alumínio – representaria, para os frotistas, uma economia de 777 a 1.612 litros de diesel por ano/por veículo, considerando 160.000 km (ou 100.000 milhas) trafegadas. Com isso, cairia também a emissão de dióxido de carbono (CO2) por veículo – algo entre 8,6 toneladas e 17,9 toneladas por ano.
“Ao adquirir o modelo intensivo em alumínio, a maioria das frotas iria observar um retorno de tal investimento inicial em menos de três anos, considerando um valor de US$ 3 por galão”, observou Randall Scheps, presidente do The Aluminum Association’s Aluminum Transportation Group (ATG). “A melhor maneira de ter economia de combustível – algo exigido por esforços para o controle dos gases de efeito estufa – sem sacrificar o desempenho, é reduzir o peso total do veículo”, disse.
Considerando os resultados obtidos para a frota norte-americana, que tem aproximadamente dois milhões de veículos da classe 8 (vide tabela abaixo), o relatório da Ricardo avalia que o impacto de redução de peso observada pelo uso do alumínio resultaria numa economia de 3,79 bilhões de litros de diesel e 10 milhões de toneladas de CO2 por ano. “Estamos descobrindo que, após os aumentos do preço dos combustíveis no setor de transporte rodoviário observados até 2008, combinado com o impacto da regulamentação das emissões atuais e futuras, as frotas estão agora mais dispostas a explorar o uso de materiais mais leves em seus veículos”, esclarece Scheps.
A pesquisa comparou o desempenho de três tipos de veículos: duas carretas da Classe 8 de veículos comerciais pesados (categoria com peso bruto superior a 14.969 kg), sendo uma fabricada com metal convencional e, outra, intensiva em alumínio; e um semi-reboque fabricado com vários itens leves de alumínio. O levantamento levou em consideração também três condições de carga – descarregados, com carga pela metade e em sua total capacidade.
Em outras palavras, as simulações do estudo previram a melhoria da eficiência de combustível de três modelos de veículos com uso intensivo de alumínio ao passar por operações de descarregamento e carregamento pela metade. Os tipos de veículos e as configurações de carga simulados neste estudo são mostrados abaixo.
Configuração do veículo | Peso do cavalo mecânico | Peso do reboque | Total (libras) |
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Carreta convencional | 16.000 | 13.500 |
50.500 25.250 0 |
80.000 GVW
54.750 Carregado pela metade 29.500 Descarregado |
Semi-reboque | 15.500 | 12.500 |
50.500 25.250 0 |
80.000 GVW
53.250 Carregado pela metade 28.000 Descarregado |
Carreta de alumínio intensivo | 14.500 | 11.700 |
50.500 25.250 0 |
80.000 GVW
51.450 Carregado pela metade 26.200 Descarregado |
O relatório, intitulado “Fuel Efficiency Impact of Vehicle Weight Reduction in Class 8 Trucks” (“Impacto da redução de peso de veículos da classe 8 de carretas na eficiência de combustível”), cobriu os ciclos principais de serviço dentro do transporte comercial norte-americano. “Encomendamos essa pesquisa para ter certeza sobre a economia de combustível e potenciais ganhos de eficiência de carga em modelos de caminhões com maior uso de alumínio”, explicou Scheps.
Segundo o estudo, em carretas, a grade frontal, as rodas e o revestimento da cabine são as principais áreas onde o uso de alumínio tem potencial para gerar uma economia grande de peso – cerca de 200, 160 e 150 quilos, respectivamente – com diversos componentes da suspensão oferecendo outros 65 quilos de economia. Para os semi-reboques, os maiores efeitos de redução de peso são as laterais (446 quilos), rodas (130 quilos) e portas (185 quilos). A tabela abaixo mostra o potencial de redução de peso do alumínio por componente.
Economias de peso, por componente, constatadas pelo uso intensivo do alumínio |
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Carreta Grades de armação Janelas Cabine Travessas Portas Teto Outros Suspensão |
(lbs) 440 350 330 70 50 55 60 145 |
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________ | ________ | ||
Redução de peso | 1500 | Redução de peso | 1800 |
A conclusão do estudo é que a eficiência de carga, a economia de combustível e os ganhos de redução de emissões são metas acessíveis a partir de uma maior utilização de componentes de alumínio. E esses ganhos podem reforçar outras melhorias, como na aerodinâmica e na otimização do motor.
Além de avaliar o impacto da redução de peso por si só, o estudo analisou a combinação de redução de peso e da redução de arrasto aerodinâmico nos veículos. A pesquisa concluiu que quando se associa a redução do peso intensivo de alumínio com um aumento de 8% no arrasto aerodinâmico, a melhoria da economia global de combustível em relação ao veículo convencional chega a 8.2%.
Classes de veículos
Nos Estados Unidos, a classificação comercial de veículos é medida pelo índice GVWR (Gross Vehicle Weight Rating, ou em português, avaliação do peso bruto do veículo), categorizado em classes do intervalo de 1 a 8. O índice considera a massa máxima admissível de um veículo rodoviário ou reboque quando carregado – incluindo o peso do próprio veículo, mais combustível, passageiros, carga e reboque.